quarta-feira, 4 de maio de 2011

Não está na ordem do dia a alternativa “socialismo ou barbárie”?

As forças produtivas pararam de crescer?

Que fazer?

A destruição da agricultura, da pesca, das fábricas – e, agora, a existência de uma geração de jovens qualificados a quem é negado o direito à sua realização como quadros qualificados, o direito a construir e a criar – não são uma expressão concreta do bloqueio do desenvolvimento das forças produtivas?

Como se exprime esse bloqueio nos diferentes países, nomeadamente na Tunísia, no Egipto, na Argélia, em Portugal e no resto da Europa?

Porque terão os povos que aceitar o argumento dos serventuários do sistema capitalista: “Estamos nas mãos dos credores, temos que aceitar; caso contrário as pessoas ficarão sem dinheiro”?

Que dinheiro, quem o “fabrica”?

O que tem a ver a riqueza resultante do trabalho humano – a riqueza resultante da venda de mercadorias produzidas na esfera da produção agrícola, industrial e tecnológica – com a “riqueza” resultante da venda de acções nas Bolsas ou de títulos de dívida transformados em acções, que os especuladores valorizam e desvalorizam, fazendo à custa disso enormes fortunas?

E como são fabricadas “as dívidas”?

Quanto dinheiro desse foi e continua a ser impingido aos povos, como tem acontecido em Portugal, em troca da privatização das empresas públicas, ou da destruição do seu aparelho produtivo?

Em 1971, o presidente do EUA – Richard Nixon – impôs a todos os povos do mundo o fim da paridade entre o dólar e o ouro. Para poder, de facto, continuar a controlar a economia mundial a partir do dólar, valorizando-o ou desvalorizando-o conforme a necessidade da economia americana. Foi a partir daí que passou a exportar para os outros países, em forma de empréstimos, enormes massas de capitais que depois fazia pagar com taxas de juro altíssimas – que visavam implementar os célebres “planos de ajustamento estrutural”.

A IVª Internacional, nessa altura, escreveu documentos nos quais mostrou a gravidade deste acto, para a economia e para a vida dos povos, um acto perante qual todos os outros imperialismos capitularam, como foi o caso dos europeus.

E um Conselheiro de Nixon, a propósito desta medida – do fim da paridade entre o dólar e o ouro, comentou: “Seja. Mas o que faremos na próxima vez?”

E a próxima vez está agora à vista: os défices dos países – em consequência do rebentar da bolha especulativa nos EUA – subirem em flecha, como foi o caso de Portugal, onde o défice orçamental subiu de 2% em 2008, para 9% em 2009.

Não é, então, uma patranha toda esta argumentação dos povos terem que aceitar os planos do FMI e da União Europeia, em nome de que teriam andado “a viver acima das suas possibilidades”?

Perante isto, será uma solução pedir a “reestruturação desta dívida” ou “uma auditoria à mesma, para a reestruturar em seguida”?

Marx estudava o capital com os operários.

Não é a hora de trabalhadores dos jovens voltarem a estudar o capital, para poderem assumir o controlo – com as suas organizações de classe – do seu trabalho e do nosso país, no quadro da democracia?

Vamos debater, vamos clarificar.

Carmelinda Pereira

Lisboa, 4 de Maio de 2011

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